Nota de repúdio contra os episódios de violência e racismo institucional
Imagem: reprodução da Internet |
E explicamos que apenas queríamos adentrar na UFPA para pegar ônibus no terceiro portão da universidade, devido o risco que iriamos correr se contornássemos a universidade, e mesmo assim os dois (2) seguranças da empresa VIDICOM, que estavam de plantão no momento realizando atividades, não permitiram a entrada dos alunos. Nossa segurança foi negligenciada e ficamos do lado de fora. No entanto, foi permitida a entrada de outros alunos, que estavam de carro/moto, mostrando claramente uma exclusão social e seletiva.
Questionamos então tal procedimento, pois a "norma" deveria funcionar para todos. Foi então que o mesmo guarda, de forma agressiva, deu um forte chute no portão, tentando nos intimidar, e novamente nos agrediu verbalmente dizendo, “ninguém vai entrar! Vocês são um bando de drogados!”, estando extremamente alterado, nos expulsando do local, informando que ele era uma autoridade e que ninguém entraria/passaria por ele. Mostrando assim, uma falta de preparo profissional.
No momento da saída de um veículo, adentramos na universidade pedindo respeito aos alunos por parte da seguranças/VIDICOM, e também solicitamos a presença do responsável pela segurança da UFPA. Um dos guardas saiu do seu posto e retornou com mais de 10 seguranças (entre eles, seguranças terceirizados e seguranças da universidade), a maioria também alterada.
Um dos seguranças, que é servidor da UFPA, já chegou ao local fazendo a falsa acusação de que os estudantes estavam agredindo os seguranças da VIDICOM, e em nenhum momento os servidores escutaram os estudantes. Neste momento uma das alunas, indignada com a situação, por já ter sido momentos antes ofendida e agredida verbalmente, informou que iria entrar com uma ação contra os agressores, e que levaria o caso até a ouvidoria e reitoria da UFPA, foi quando um dos seguranças falou de forma irônica e autoritária “vai lá com o reitor e diz pra ele que fui eu que mandei!”, demonstrando claramente um descontrole e desequilíbrio.
No meio da discussão um dos servidores da UFPA empurrou e chamou uma das alunas de “drogada”, “fudida” e “vagabunda”. Sendo novamente agredida verbalmente e moralmente. Não respeitando também uma das alunas que está grávida, e no momento passou muito mal, proferindo também expressões de cunho homofóbico à um dos estudantes.
A aluna que sofreu a agressão moral ficou extremamente nervosa, chorando muito, e se dirigiu ao servidor que a agrediu, informando que o mesmo teria que provar o que estava falando e que isto era violência contra a mulher, foi então que o servidor retirou seu colete e por duas vezes tentou bater na aluna com o mesmo, ameaçando-a. Na segunda vez, o mesmo servidor tentou proferir um soco contra ela, e uma das alunas entrou na frente para defendê-la da agressão física, empurrando o servidor, onde o mesmo caiu no chão. Gerando um tumulto entre os estudantes e os seguranças – servidores.
Uma viatura da polícia militar foi acionada pelos servidores/seguranças da Universidade, mas permaneceram por poucos minutos e foram embora. Sendo apenas uma forma da segurança da universidade nos intimidar ainda mais.Colocados para fora da universidade, nos dirigimos à rua Augusto Côrrea, e avistamos uma viatura da polícia militar, e no mesmo momento fomos levados pra seccional de São Brás para registrar o boletim de ocorrência. Os devidos procedimentos legais e administrativos serão tomados pelos estudantes.
A violência contra a mulher infelizmente é algo naturalizado em nossa sociedade e também se reproduz no âmbito da universidade, mesmo sendo este o espaço de construção de conhecimento e respeito aos sujeitos sociais e suas demandas. Tal violência que tem explícito recorte social e de gênero e jamais pode ser naturalizada! Esta nota representa o silencio de muitos alunos que foram e são oprimidos e violentados todos os dias na Universidade por um diversos funcionários que não estão preparados para lidar com a diversidade presente na comunidade acadêmica.
Cobramos um posicionamento da administração da Universidade, bem como da empresa terceirizada que é responsável por alguns dos funcionários envolvidos no ocorrido, tendo em vista que havia seguranças tanto da empresa terceirizada quanto os da Ufpa. As instituições são responsáveis pelo preparo e capacitação dos funcionários, por isso é de suma importância que tomem as devidas providências e se responsabilizem pelo fato.
23/02/2016
Pauliane Araujo
Jefferson Rodrigues
Giselle Santa Brigida
Rafael Guedes
Caroline Santos
Zaira Teles
Lorena Maciel
Assinam esta nota*:
CASS - Centro Acadêmico de Serviço Social/UFPA
DCE/UFPa
PAJEÚ
CAFIL - CENTRO ACADEMICO DE FILOSOFIA
CAPE - Castanhal
ANEL
Arthur Leandro, Professor da Faculdade de Artes Visuais, FAV/ ICA-UFPA
Mulheres Negras em Rede
CACO/UFPA - Centro acadêmico de comunicação social
Evandro Gaia
Juntos
Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos - (SDDH).